Especial: Hotelaria cresce no Centro
Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal, fala-nos da evolução do sector hoteleiro na região. Para o responsável, é ainda necessário melhorar alguns indicadores.
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“Esta boa tendência que o Turismo hoje está a ter, está a motivar novos negócios”, que o diz é Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal. Em entrevista, o responsável fala-nos da evolução do sector hoteleiro na região e como ainda é necessário melhorar alguns indicadores.
Tem existido um claro crescimento de novas unidades hoteleiras na região Centro de Portugal nos últimos anos e o mesmo se verifica durante o presente ano de 2016. Actualmente, a planta hoteleira da região já soma cerca de 44 mil camas, “o que significa que a região Centro tem uma relação entre a procura e a oferta mais do que equilibrada, porque neste momento não temos uma taxa média de ocupação acima dos 50%”, começa por referir Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro. No entanto, adianta, “em alguns casos começa-se a perceber a necessidade de haver aqui um ajustamento da planta hoteleira. Isso tem levado também ao aparecimento de projectos muito importantes, associados até a proprietários privados que estão a reutilizar equipamentos que já existiam, ou nalguns casos, estão a construir em monumentos com algum valor patrimonial exactamente essas novas unidades de diferenciação”. Para o presidente da entidade, “esta boa tendência que o Turismo hoje está a ter, está a motivar novos negócios, fixar novas empresas e novos empresários, seja no domínio do alojamento, da restauração, ou no domínio das empresas de animação turística e, o caso do Centro de Portugal, é muito significativo – em 2015 tivemos mais de 50 novas empresas associadas ao segmento da animação turística, o que significa que novos modelos de negócio estão para aparecer”. Esta evolução, justifica o responsável, deve-se não só ao aumento da procura pelo destino Portugal, como, no caso da região Centro, a novas motivações por parte dos turistas. “O Sol e Praia deixa de ser o produto prioritário e o foco principal da promoção turística de Portugal e hoje vemos que há tendências internacionais e nos fluxos internacionais uma apetência por outros produtos turísticos, como o Turismo Cultural e Patrimonial, o Turismo Religioso, o Turismo de Natureza e o Turismo Activo”, levando-os a optar por destinos no interior do País.
Ao mesmo tempo que novas unidades se fixaram nesta região e vingaram pelos seus conceitos diferenciadores, outras, já existentes passam actualmente por dificuldades acrescidas. Para Pedro Machado “o mercado hoje é quase soberano” e “quem não se ajustou às tendências do mercado, quem não fez um upgrade no sentido de corresponder às expectativas que o novo consumidor”, hoje atravessa maiores dificuldades. Neste âmbito, o responsável indica que “há muitas empresas que ficaram reféns de uns anos dourados da actividade turística e não tiveram o respectivo processo de ajustamento”. Por outro lado, outras empresas apostaram em factores de diferenciação, alterando o paradigma da hotelaria existente até aí e “esse é um facto que não só atrai, como diferencia e, no nosso caso, julgo que acrescenta valor, em primeiro lugar à oferta e à marca Portugal, mas também à marca Centro de Portugal”. “Hoje temos um Areias do Seixo, Rio do Prado, Casa das Penhas Douradas, Casas do Côro, unidades de alojamento com relativamente poucos quartos, mas cuja sofisticação e envolvimento dos próprios proprietários naquilo que é o ‘modus vivendi’ da experiência turística faz toda a diferença e nós sentimos isso no grau de satisfação dos clientes e na procura crescente em partículas dessas unidades”, exemplifica o presidente da Turismo do Centro.
O responsável salienta, no entanto, que “não temos a presunção de que todas as unidades tenham que vingar. Sabemos que numa economia aberta e global como a que temos as empresas nascem e morrem, mas temos a consciência plena de que neste sector, nesta actividade e, em particular, no Turismo, existe espaço de consolidação e de afirmação. Porque esses também são os exemplos que podemos dar, de novas unidades que se adaptaram, ajustaram, e que hoje estão a ter um grande sucesso”.
“No domínio das políticas públicas, o Governo, seja ele qual for, terá que assumir medidas de posicionamento e facilitação para captar e reter investimento na região e essas condições passam por medidas fiscais, nomeadamente, a majoração ou isenção ao nível do IRC, majoração ou isenção do IRS, ou de majoração nos IMI’s (ao nível dos municípios), de forma a que as pessoas e empresas se possam aqui fixar”.
Na cidade de Coimbra, que actualmente é a região que mais visitantes recebe no Centro de Portugal, abriu no passado mês de Abril um Centro Cultural e de Congressos. Neste âmbito, Pedro Machado refere que com esta oferta passam a existir duas novas dimensões no sector hoteleiro da região. Para as empresas existentes, “um novo desafio para a oferta que já está instalada na qualidade de serviço que presta e neste ajustamento para o segmento MICE ou MI, o que faz com que haja aqui uma nova oportunidade para um produto turístico que até aqui não tínhamos na região Centro de Portugal” e, em segundo lugar, novas oportunidades de investimento. Para o responsável, actualmente a cidade de Coimbra não tem capacidade para responder ao desafio que lhe é colocado com a abertura do novo Centro Cultural e de Congressos, defendendo que a “região Centro precisaria de, no mínimo, mil camas, no espaço de um ano”. Como tal, explica, “é natural que o alojamento, no espaço dos próximos dois anos, tenha novas unidades, que podem ser ou construções de raiz ou, do meu ponto de vista, preferencialmente, requalificação de edifícios já existentes, ou mais ainda, de aproveitamento de edifícios que já possam estar devolutos”.
Os entraves da região
Para Pedro Machado, existem três problemas estruturais na região Centro no que diz respeito ao sector hoteleiro: “O problema da sazonalidade, que não é muito diferente do resto do País, e os problemas da estadia média e do RevPar”. Uma vez que a média de rentabilidade e de taxas médias de ocupação são ainda muito inferiores quando comparadas com as grandes áreas metropolitanas, “estaremos sempre a lutar com condições diferentes, à partida, daquelas que existem nos principais concorrentes do mercado interno”.
Além disso, realça, existem três preocupações que devem ser tidas em conta na região Centro. Em primeiro lugar, “no domínio das políticas públicas, o Governo, seja ele qual for, terá que assumir medidas de posicionamento e facilitação para captar e reter investimento na região e essas condições passam por medidas fiscais, nomeadamente, a majoração ou isenção ao nível do IRC, majoração ou isenção do IRS, ou de majoração nos IMI’s (ao nível dos municípios), de forma a que as pessoas e empresas se possam aqui fixar”. Seguem-se os custos da operação, “quando temos uma acessibilidade mais cara, ainda que desconcentrada daquilo que são os pólos de maior atracção. É preciso lembrar que 52% do fluxo mundial turístico se faz por avião e, portanto, esta região é servida naturalmente pelas suas congéneres no Porto e Lisboa e tem uma distância maior (…), pelo que os custos para chegar ao Centro de Portugal são mais elevados do que aqueles que temos em relação às áreas metropolitanas e implica que, da própria parte do Turismo de Portugal e da Secretaria de Estado do Turismo se possa ‘discriminar positivamente’ para podermos ter uma política global de um Portugal integrado as mesmas oportunidades em territórios que têm condições diferentes”. Finalmente, conclui o responsável, a última preocupação prende-se no domínio da própria promoção. “Acredito que para alavancar investimentos, para facilitar e convencer empresas e empresários a investir nesta região, têm que ter garantias naturais de que o seu investimento à partida não tem condições piores aqui do que tem nos destinos mais maduros; que os organismos, nomeadamente, aqueles que o representam e o Turismo Portugal apostam afincadamente na promoção do mercado interno e nos nossos principais mercados (o caso do mercado espanhol, francês), que há campanhas intensivas de promoção da marca e dos produtos que estão associados a estes territórios”. No que às próprias empresas diz respeito, Pedro Machado considera que é igualmente importante assegurar a qualidade do serviço, para que “possamos provar a um turista nacional ou estrangeiro que tem qualidade superior de produto e serviço turístico que muitas vezes encontra associado aquilo que são as malhas das grandes áreas metropolitanas”.