Photo credit: Wojtek Gurak on VisualHunt / CC BY-NC
A importância da imagem na Hotelaria
Conheça alguns dos nomes que estão mais ligados ao design de interiores e decoração na hotelaria.
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Entramos num hotel e queremos gostar do que vemos, sentirmo-nos bem e confortáveis. É a tal primeira impressão, que, queiramos ou não, assume uma importância superior neste tipo de negócio. E, aqui, a ajuda profissional é uma mais-valia que os hotéis não dispensam nos dias de hoje.
Neste texto que se segue, damos-lhe a conhecer cinco gabinetes de arquitectura e/ou design de interiores num total de sete profissionais, ora nomes já reputados na indústria, ora a dar os primeiros passos na hotelaria.
Às duas por 3
Inês Cesteiro e Sónia Rodrigues ganharam o concurso de design associado ao ‘Mais Português Hotel do Mundo’, iniciativa da Alimentaria & Horexpo 2017 e da Hoti Hotéis, e têm já trabalhos edificados, na forma de guest houses e alojamentos locais. Juntas, formam o gabinete Às duas por 3, segundo o qual a hotelaria portuguesa está “excelente” no que respeita o design de interiores. Afirmando que o crescimento do Turismo levou o sector a sentir a “necessidade de se renovar e equiparar-se a unidades internacionais”, as profissionais acreditam que o “reflexo deste crescimento foram unidades que estavam obsoletas e ultrapassadas, tanto ao nível dos interiores como tecnológico, reinventaram-se e actualizaram-se para se tornarem mais competitivas”.
Para Inês Cesteiro e Sónia Rodrigues, a actual tendência nesta área é a diferenciação e personalização: “Cada vez mais as unidades contam a sua própria história, seja familiar, temática, ou outro, o objectivo é tornar a estadia do hóspede em algo inesquecível.”
Os desafios nos projectos em que têm participado são “acompanhar a evolução e as mudanças constantes para adaptar espaços ao estilo de vida e aos rituais diários da sociedade em geral, conseguir captar estes pontos e reinventar diariamente conceitos para provocar uma emoção e transmitir conforto.”
Ártica
Cristina Santos Silva e Ana Menezes Cardoso são nomes incontornáveis no design de interiores. Altis Avenida, Altis Grand Hotel, Quinta das Lágrimas, Hotel Portugal, a lista de projectos é extensa e inclui outros tantos ainda em curso.
Para as arquitectas, o design tem assumido uma relevância cada vez maior na hotelaria e “a escolha de um profissional é, agora, um dado adquirido”. “Nos últimos anos, face à grande procura e oferta, a hotelaria teve de se reinventar, associando também a decoração e o design de interiores aos requisitos operacionais. Com a globalização, a escolha de um hotel recai, na maioria das vezes, sobre as classificações e avaliações dos utilizadores. Este desempenho, na sua esmagadora maioria, privilegia levantamentos fotográficos que, obviamente, retratam os aspectos da decoração”, explicam as responsáveis, acrescentando que, “hoje em dia, é impensável um hoteleiro não considerar nas suas prioridades iniciais toda a questão do design de interiores”, pois um trabalho “de conjunto e bem articulado desde o início entre o hoteleiro, equipa de arquitectura, projectistas das especialidades e decoração é, não só fundamental, como pode evitar algumas contrariedades na obra e até custos extra desnecessários”.
O desafio nesta área de actuação passa por “criar um espaço original, onde a diferença surpreenda e o resultado se distinga de todos os outros”.
Para a Ártica, nesta área de negócio, não se fala em “tendências”, mas sim em “analisar muito bem todas as pré-existências, finalidades e público-alvo”. “Depois de consolidadas estas primeiras permissas, a criatividade deve dar asas à imaginação. Pelo nosso lado, defendemos que cada hotel tenha a sua personalidade, distinta de todos os outros, pois não há duas realidades exactamente iguais”.
O quarto é “o grande protagonista” de uma unidade, enquanto a recepção e entrada o “cartão de visita”, dizem referindo que o primeiro espaço deve ser o mais desafiante do projecto.
NL Decor
Teresa Leónidas é o nome de que falamos aqui e cuja linha de design é perceptível nos hotéis mais recentes da SANA. Para a profissional, a inovação é essencial num projecto hoteleiro e o design de interiores neste sector “tem tido um grande avanço”. “Já há uma preocupação muito maior em fazer um hotel diferente e com design, grande parte dos hoteleiros já investe mais nesse campo”, relata, recusando o uso de tendências na hotelaria, pois, “ao fim de algum tempo cansam” e algumas são “usadas até à exaustão e acabamos por ver as mesmas fórmulas em todo o lado”.
Teresa Leónidas defende que deve existir um “fio condutor” entre todos os espaços do hotel, mas que “as zonas de maior impacto deverão ser as públicas, nomeadamente a recepção, lobby e bar”.
O desafio é “fazer sempre algo novo e criativo, que se insira na arquitectura do hotel, assim como apreender o espírito e a essência do lugar”.
Cristina Jorge de Carvalho
A unicidade é, também para Cristina Jorge de Carvalho, um dos principais desafios da actualidade. Mais disruptiva, a designer considera que o “posicionamento de Portugal, do Turismo e dos hotéis, devia ser diferente”. “Devia-se apostar num turismo de qualidade e ter oferta para esse mercado. Neste momento, ainda é reduzida a oferta de hotéis de luxo, Small Luxury Hotels, etc.”, defende a designer, para quem “os hotéis têm muitas premissas para ter sucesso”, com o design de interiores a ser “mandatório”.
A profissional, que assinou projectos como o Hotel Praia Mar, Altis Prime e o recente Douro 41, fala na coexistência de “várias tendências” e que o mercado “cria” outras, que são, “maioritariamente, reinterpretações de peças, materiais e estilos marcantes do passado”. “Neste momento, a tendência mais visível é o Kitch, a mistura de peças de épocas distintas, o exagero”, diz, ressalvando, porém, que não segue tendências.
PPS
O Meridien, o Tiara e os Hotéis Bensaúde figuram no portefólio da arquitecta Pilar Paiva de Sousa, segundo a qual “vivemos um momento único de oportunidades para investimento nesta área”, dado o crescimento do sector.
“Unidades de pequena e média dimensão, urbanas, rurais e resorts de novos operadores têm apostado ora pela recuperação de edifícios de valor patrimonial, ora pela valorização da cultura portuguesa. Esta aposta, aliada a um design de visão cosmopolita, recria ambientes de uma autenticidade única”, considera a profissional.
Para Pilar Paiva de Sousa, os principais desafios passam pelo “equilíbrio entre as intenções do promotor e o ‘budget’”, a “compreensão do público-alvo e do seu comportamento no uso e percepção do espaço” e a “criação de sensações e emoções”; enquanto as tendências passam pelo “luxo acessível e sustentabilidade”, “áeas públicas num espaço integrado, para hóspedes e locais” e “self-service em hotelaria, budget e personalização acentuada em hotelaria ‘up-scale’”.