Cenários e o futuro do Turismo em Portugal
A capacidade de antecipar as consequências das nossas ações e de visualizar o futuro sob diferentes circunstâncias é uma característica que nos define como seres humanos.
Hotéis Octant em Ponta Delgada e Furnas promovem atividades vínicas
Groupe GM marca presença na Decorhotel para apresentar novidades
Universidade Europeia e Câmara Municipal de Cascais assinam protocolo de cooperação
Crowne Plaza Porto lança Porto Urban Spa com as marcas PostQuam e Rituals
Six Senses Douro Valley aposta da diversificação de mercados
58 hotéis na Tailândia distinguidos com Chaves Michelin
Parque Terra Nostra investe em obras de valorização do tanque termal
2ª fase do programa “Competências do Futuro Algarve” com 28 ações de formação e sete ‘bootcamps’
Algarve reduz em 13% consumo de água com selo “Save Water”
Alojamento Local dos Açores pede reforço do investimento no combate à sazonalidade
Pensar o futuro é-nos inato. A capacidade de antecipar as consequências das nossas ações e de visualizar o futuro sob diferentes circunstâncias é uma característica que nos define como seres humanos. A construção e utilização de Cenários (Scenario Planning & Thinking) para a tomada de decisão tem uma história já longa, a qual acelerou após a 2ª Guerra Mundial com organizações como a RAND Corporation e o Hudson Institute. Muito recentemente, foi impulsionada pela pandemia e a “abertura de futuros” que esta disrupção implicou para as organizações.
Os Cenários são narrativas de ambientes alternativos nos quais as decisões de hoje podem vir a ser executadas. O Planeamento por Cenários é uma ferramenta muito poderosa de estruturação de informação, de estímulo à criatividade, de comunicação e de reflexão estratégica. Une várias facetas da análise prospetiva e ilustra contextos estratégicos futuros por meio de narrativas técnicas e simbólicas que podem ser recontadas, visualizadas e discutidas de forma muito eficaz.
Estas características dos Cenários podem ser particularmente relevantes para um sector como o Turismo, caraterizado pela diversidade de stakeholders, pelo entrecruzamento com as dinâmicas territoriais e, entre outras características, pela exposição a forças de mudança globais como a digitalização, o envelhecimento da população, a globalização e mobilidade internacional, e as preocupações ambientais e a economia verde.
Mesmo salientando que qualquer exercício de Cenários exige participação e interação, arrisco a avançar, de forma exploratória e com inspiração em múltiplos trabalhos internacionais sobre o futuro do Turismo (muitos deles focados no pós-pandemia) , com algumas ideias sobre o futuro do Turismo em Portugal. Divido esta exploração nos dois blocos constitutivos centrais de um exercício de cenarização, tal como proposto pela Escola Lógico intuitiva (“Escola da Shell”): incertezas cruciais e elementos predeterminados.
De entre as incertezas cruciais potenciais para o futuro do Turismo em Portugal a médio/longo prazo, salientaria (Figura 1)
Mas nem todas as variáveis-chave terão, no que se refere à respetiva evolução, o mesmo nível de incerteza a médio e longo prazo. Entre os elementos predeterminados a considerar para o futuro do Turismo em Portugal, avançaria com (Figura 2)
Tendo optado por uma exploração global de variáveis-chave para o futuro do Turismo em Portugal, e ganhando amplitude com isso, não é possível, ao mesmo tempo e neste espaço, detalhar cada uma delas. Mas posso e devo salientar que, para lá da necessária “discussão estratégica” indispensável ao processo, é fundamental a ancoragem desse debate em “future oriented evidence” que suporte a seleção das variáveis. De seguida, e a partir de um processo que identificasse e combinasse elementos como os atrás referidos, seriam então construídas descrições de futuros possíveis, plausíveis e estrategicamente relevantes (Cenários) que cada organização (e/ou departamento; e/ou equipa) pudesse utilizar para imaginar o futuro, (re)pensar as suas estratégias e prioridades, trazendo para a tomada de decisão interna as transformações em curso no seu contexto. E aprendendo, de forma eficaz e divertida, no processo.
Vamos a isso?
António Alvarenga, professor (Nova SBE), Consultor Internacional (ALVA Research and Consulting) e Investigador (Técnico Lisboa)