“As empresas mais inovadoras e com maior agilidade estão mais preparadas para enfrentar o futuro”
De 12 a 14 de fevereiro deste ano, a FIL recebe uma nova feira profissional dedicada ao setor alimentar em Portugal, a Lisbon Food Affair, promovida pela Fundação AIP.
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Texto: Carla Nunes | Fotografia: Frame It
A poucos meses da primeira edição da Lisbon Food Affair, a Publituris Hotelaria entrevistou o gestor do certame, Paulo Rodrigues, para perceber os contornos deste novo evento. Sustentada por três pilares – inovação, sustentabilidade e internacionalização – a Lisbon Food Affair promete ser “um espaço que distingue o que se faz de diferente e inovador, mais contemporânea, e onde será possível encontrar respostas aos novos desafios” do setor, como garantido por Paulo Rodrigues.
O que é que a Lisbon Food Affair traz de novo ao panorama das feiras alimentares em Portugal?
Vivemos um período verdadeiramente desafiante. Desde as alterações nos hábitos de consumo registados no pós-pandemia, passando pela guerra, pela inflação, pela alteração dos custos de transporte e logística, além da maior consciência ambiental e grau de exigência dos consumidores nos aspectos da saúde e bem-estar. Tudo isto exige que as empresas pensem de forma diferente. Há hoje um novo paradigma que nos faz olhar novamente para o mercado interno por oposição a uma estratégia generalizada de globalização. Há a consciência, cada vez mais clara, que a inovação e o desenvolvimento são estratégias vitais, cuja efectividade se esgota em menos tempo, porque o ciclo de vida dos produtos também é mais efémero. Hoje, a procura está mais orientada para produtos diferenciados, por oposição a uma oferta massificada. São assim diversos os desafios que as empresas têm de enfrentar, mas onde há novos desafios, há reciprocamente novas oportunidades.
É neste contexto que a Lisbon Food Affair se realiza, procurando oferecer um palco onde as empresas se podem posicionar proativamente e mostrar aos mercados as suas soluções, a sua inovação, a sua estratégia, as suas marcas. O Lisbon Food Affair tem a ambição de ser um espaço de experienciação, onde é possível perceber em tempo real a reação e aceitação do mercado nacional e internacional à oferta apresentada pelos expositores. Só assim será possível atingir o objectivo maior deste evento: o de funcionar como acelerador do processo de concretização de negócios e assumir-se como o grande marketplace destes setores.
Com o fim da Alimentaria&Horexpo, o que podemos esperar desta nova feira?
A Lisbon Food Affair tem um ADN diferente. Este é um evento sustentado em três eixos fundamentais: a inovação, a sustentabilidade e a internacionalização. Este posicionamento permite que a Lisbon Food Affair esteja bem mais alinhada com aquilo que são as novas exigências do mercado e com as preocupações reais quer das empresas participantes, quer dos consumidores.
Assim, podemos esperar que esta feira seja sobretudo um espaço que distingue o que se faz de diferente e inovador, mais contemporânea, e onde será possível encontrar respostas aos novos desafios que falámos anteriormente.
Qual o target definido para a Lisbon Food Affair?
A Lisbon Food Affair engloba os setores da alimentação e bebidas, Horeca e tecnologia alimentar. Dirige-se essencialmente a profissionais dos setores da distribuição e canal Horeca, desde as grandes cadeias às lojas gourmet e de conveniência, dos grandes hotéis ao pequeno alojamento local, passando pelos restaurantes, cafés, pastelarias e bares, sem esquecer a restauração coletiva e toda a indústria alimentar, tendo como objectivo o mercado nacional e internacional.
Haverá atividades paralelas além dos expositores? Que tipo de atividades vão dinamizar?
Como falámos anteriormente, esta é uma feira de experienciação e, por isso, as atividades paralelas ocupam um lugar fundamental. Existirão diversas ações de apresentações de produtos e algumas mais performativas, como showcooking. Haverá ainda um lugar destacado para a inovação, com a organização de uma exposição permanente de produtos inovadores lançados no mercado em 2022/23.
Com o objetivo de ajudar a consolidar o negócio de empresas que estão a dar os seus primeiros passos, nomeadamente startups, irá ser disponibilizado um “Helpdesk Negócio” dinamizado pelo nosso parceiro IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação. Contamos também com os nossos parceiros Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) para realizar um conjunto de ações, entre as quais debates entre a distribuição e a produção.
Estes são apenas alguns exemplos. Brevemente esperamos poder divulgar mais atividades.
O evento deste ano será estritamente presencial ou haverá alguma componente digital? Se sim, de que tipo?
Tratando-se de um evento onde a inovação e a diferenciação são o grande destaque, só poderíamos apostar numa forte componente presencial. Naturalmente que um evento como o Lisbon Food Affair (LFA) terá várias ferramentas digitais, como a que irá permitir fazer matchmaking entre compradores e expositores, mas sempre na perspetiva de que os encontros decorram presencialmente.
A Lisbon Food Affair vai estar divida em três áreas distintas: F&B (43% das empresas inscritas), Horeca (33%) e Tecnologia (14%), de acordo com os valores que adiantaram em dezembro de 2022. Afirmaram ainda que 48% destas empresas constituíam novas participações em eventos do setor promovidos na FIL.
Estas percentagens ainda se confirmam?
O evento está a ter uma muito boa receptividade do mercado, sendo que os indicadores mais recentes mostram um crescimento muito positivo na área de F&B. No que respeita a empresas novas, neste momento o número é de facto muito próximo dos 50%, não só de empresas nacionais como internacionais, o que consubstancia uma forte atratividade do LFA junto a novos players.
Que importância assume a presença do canal Horeca na Lisbon Food Affair?
O canal Horeca será uma área com uma representação muito interessante na feira e a mostra é transversal aos vários produtos e serviços para este setor. De momento, a área das máquinas e equipamentos tem um peso ligeiramente superior.
A presença do canal Horeca é fundamental num evento como a LFA, sendo Portugal um país onde a forte componente turística tem um relevo tão importante. As empresas expositoras estão preparadas para oferecer as melhores soluções para este canal, quer na componente de alimentos e bebidas, quer em soluções de equipamentos e materiais inovadores e sustentáveis, até às soluções para a, tão necessária, digitalização dos negócios.
Em comunicações anteriores afirmaram que a internacionalização será um dos pilares deste certame. Nesse sentido, quantas empresas internacionais estarão presentes neste evento? De que nacionalidades?
À data temos 26% de empresas internacionais diretamente representadas, sendo que este número será muito maior se tivermos em conta que a maioria das empresas vêm de forma agrupada, e como tal, cada uma delas irá trazer várias empresas integradas. Neste momento, ainda não podemos avançar esse detalhe. Para já, os países representados são África do Sul, Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Itália Polónia, Perú e Suécia, sendo que há perspectivas de poder contar com outros mercados.
Esta será uma feira com um intuito de exportação dos produtos nacionais?
Sim, estamos a desenvolver um trabalho de dinamização do evento junto das regiões, mais propriamente municípios, que vão estar presentes com os produtos diferenciadores e exclusivos dos seus territórios, com o objectivo não só de os posicionarem junto dos profissionais nacionais, como dos internacionais.
Trazem buyers internacionais à Lisbon Food Affair? Se sim, de que mercados?
Quando falamos de internacionalização é nos dois sentidos, por isso, é também forte a aposta que fazemos na vinda de compradores estrangeiros. Neste momento estão convidados compradores do Uruguai, Angola, USA, África do Sul, Espanha, França Itália, Países Baixos, Alemanha, Polónia, Cabo Verde, Marrocos e Brasil.
Quais diria serem as últimas tendências no setor e quais delas poderemos encontrar na Lisbon Food Affair?
De acordo com os nossos estudos de mercado, as tendências prendem-se com a crescente preocupação com a saúde, bem-estar e a sustentabilidade nas suas várias vertentes. Cada vez mais o mercado está orientado para os produtos orgânicos, funcionais, bio, vegan… No entanto, a inovação não está apenas no produto, mas também nos equipamentos e diferentes materiais que devem trazer maior economia, rapidez e distintas respostas às necessidades dos diferentes negócios.
Com os clientes a procurarem produtos fora de época, e nem sempre autóctones das suas regiões, a sustentabilidade ainda é possível neste setor? De que forma?
Como sabemos, os preços associados aos transportes e logística têm já um peso muito considerável no preço final do produto, pelo que não será surpreendente se o mercado vier a optar cada vez mais por produtos autóctones, ainda para mais quando sabemos que os consumidores estão cada vez mais orientados para produtos saudáveis. Contudo, se para além da sustentabilidade económica das empresas falarmos das restantes vertentes da sustentabilidade, o setor da alimentação e bebidas está a dar passos importantes, nomeadamente através de certificações, de novos processos de embalagem, de reciclagem, entre outros.
Após a pandemia vemo-nos a braços com um contexto de inflação e subida de preços na área alimentar, além de uma guerra da Ucrânia, que tem influenciado alguns fornecimentos. Neste contexto, que perspetivas tem para o futuro do setor?
Já falámos um pouco destes desafios e de como as empresas mais inovadoras e com maior agilidade no mercado estão mais preparadas para enfrentar o futuro. Faltou apenas dizer que ninguém consegue encontrar uma resposta sozinho e, por isso, é muito importante aproveitar oportunidades como o Lisbon Food Affair para construir e alargar a sua rede no mercado.
Pretendem alargar a feira a outras cidades, como o Porto, por exemplo, ou a ideia é fixarem-se somente na capital?
Nesta fase queremos aproveitar a dinâmica e o prestígio internacional que Lisboa dispõe. Este é um ativo importante e, por isso, não temos intenções para já de realizar este evento noutras localidades. Lisboa está no top das cidades mais procuradas do mundo para a realização de eventos, o que nos permite ter a ambição não só de tornar o LFA como o grande marketplace em Portugal, como o de reforçar o posicionamento do evento no contexto internacional.
Que expetativas guarda para esta primeira edição da Lisbon Food Affair?
Contamos impactar e surpreender os diferentes públicos com uma abordagem diferente, transformando o espaço da FIL num grande palco de experiências e soluções para toda a grande comunidade de profissionais do setor. Contamos com todos!