AHRESP: “A transição digital é importante para ajudar as empresas, não para substituir colaboradores”
No âmbito da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) fala sobre os principais desafios do setor e como a associação pretende dar resposta aos mesmos.
Hotéis Octant em Ponta Delgada e Furnas promovem atividades vínicas
Groupe GM marca presença na Decorhotel para apresentar novidades
Universidade Europeia e Câmara Municipal de Cascais assinam protocolo de cooperação
Crowne Plaza Porto lança Porto Urban Spa com as marcas PostQuam e Rituals
Six Senses Douro Valley aposta da diversificação de mercados
58 hotéis na Tailândia distinguidos com Chaves Michelin
Parque Terra Nostra investe em obras de valorização do tanque termal
2ª fase do programa “Competências do Futuro Algarve” com 28 ações de formação e sete ‘bootcamps’
Algarve reduz em 13% consumo de água com selo “Save Water”
Alojamento Local dos Açores pede reforço do investimento no combate à sazonalidade
No âmbito da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que decorre na Feira Internacional de Lisboa (FIL) de 16 a 20 de março, Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) fala sobre os principais desafios do setor e como a associação pretende dar resposta aos mesmos.
O principal desafio apontado é, desde logo, o mais falado desde o início da pandemia: a falta de mão de obra no setor. Para Ana Jacinto, esta questão “tem que ser tratada em vários níveis”, sendo que um dos fatores se prende com a remuneração. Como a associação já referiu por outras ocasiões, e que a secretária-geral insiste em demarcar, “é preciso criar liquidez nas empresas”, para que se possa “remunerar cada vez melhor os trabalhadores”.
E porque “[a associação] não faz apenas o diagnóstico e apresenta os problemas, também dá soluções”, a secretária-geral salienta que para que as empresas possam ter mais liquidez é “necessário baixar o IVA dos serviços de alimentação”. Neste sentido, Ana Jacinto recorda duas medidas propostas ao Governo: colocar todas as bebidas na taxa intermédia, ou seja, as que continuam a ser taxadas a 23% passariam a ser taxadas a 13% de forma definitiva; e baixar todos os serviços de alimentação e bebidas para a taxa reduzida, num período temporário de um ano.
“Quando o Governo desceu o IVA para a taxa intermédia o que dissemos sempre foi que com isso conseguiríamos liquidez suficiente para criar postos de trabalho e foi isso que aconteceu” afirma.
Relembra também que, enquanto outros países europeus aderiram à medida da taxa reduzida nos serviços de alimentação e bebidas durante um período limitado – fruto de um manifesto conjunto da Confederação Europeia das Associações de Hotelaria, Restaurantes e Cafés (HOTREC) e da Federação Europeia dos Sindicatos da Alimentação, Agricultura e Turismo (EFFAT) – “Portugal não o fez”.
“Não podemos olhar para este tema e dizer que as pessoas vão pagar melhor por decreto e no dia a seguir estão a pagar mais aos seus colaboradores. [As empresas] precisam dessa capacidade financeira”, insiste.
A importância de criar perspetivas de carreira
No entanto, para além da necessidade de remunerar melhor os trabalhadores, existem outros fatores a ter em conta, de acordo com a secretária-geral da AHRESP, que aponta para o facto de existir “um problema demográfico [em Portugal]”, razão pela qual afirma ser “urgente agilizar a entrada de trabalhadores estrangeiros no país”. No fundo, “juntar a oferta com a procura”, “dando as condições essenciais para que as pessoas possam ser incluídas devidamente”.
Num segundo ponto, Ana Jacinto refere que “as empresas e os respetivos líderes têm que perceber que é fundamental criar perspetivas de carreira e premiar os colaboradores, para que percebam que naquela empresa têm um futuro e podem chegar mais longe”. Sobre a transição digital e a digitalização, apesar de frisar que são importantes e que “a AHRESP tem acompanhado essa tendência”, afirmando que é necessário “dar um salto nesse sentido”, a secretária-geral relembra que o setor “vive de pessoas para pessoas”.
“A transição digital e a digitalização são importantes para criar propostas de valor para os clientes e ajudar na operação dos empreendimentos, não para substituir os trabalhadores”, frisa.
Com a tónica assente na necessidade de valorização dos recursos humanos, a secretária-geral adianta que a AHRESP vai ter um debate a 20 de abril na Alfândega do Porto, onde serão abordadas “estas temáticas do mercado de trabalho”. O objetivo passará por enfatizar “o que as empresas têm que fazer para se prepararem para o trabalhador do futuro”, pois caso não o façam, podem vir a “perder talentos e ficar sem trabalhadores”.
Também é nessa lógica que a AHRESP criou uma Bolsa de Empregabilidade, já noticiada anteriormente, onde faz o levantamento das necessidades de recrutamento dos associados, ao mesmo tempo que recolhe e partilha o Curriculum Vitae e informações dos interessados em trabalhar no setor. Na mesma linha de reconhecimento dos trabalhadores do setor, os prémios AHRESP regressam este ano para a sua 6ª edição, dado que a associação considera importante “reconstruir a confiança e potenciar o orgulho que temos nestas atividades”.