Cushman & Wakefield Espanha apresenta as tendências do setor e aponta como investir “em tempos incertos”
Bruno Hallé, partner e co-director de hospitalidade para Espanha da Cushman & Wakefield, marcou presença no H&T, Salón de Innovación en Hostelería, onde deu conta da gestão de investimentos hoteleiros em Espanha em tempos incertos e das tendências que vão marcar este setor.
Agosto coloca atividade turística novamente em máximos históricos
Lagoa e região Porto e Norte vão receber os próximos congressos da AHRESP
Mário Centeno: “Mercado de trabalho tem sido a estrela do desenvolvimento económico”
Nova edição: Entrevista a George Vinter e Lior Zach, fundadores da BOA Hotels
Apesar da desvantagem financeira no segundo semestre do ano, o volume total de investimento em operações hoteleiras em 2022 na Espanha superou o de 2021, com um volume total transacionado de 3,3 mil milhões de euros.
Os valores foram apresentados esta terça-feira, 7 de fevereiro, por Bruno Hallé, partner e co-director de hospitalidade para Espanha da Cushman & Wakefield, que marcou presença no H&T, Salón de Innovación en Hostelería, um evento dirigido para os profissionais do canal HORECA e da indústria do turismo em Espanha que decorre até esta quarta-feira no Palácio de Ferias y Congresos de Málaga (FYCMA).
Nesta sessão, o profissional deu conta da gestão de investimentos hoteleiros em Espanha em tempos incertos, mas também das tendências que vão marcar este setor.
Segundo o profissional, e justificando os valores de investimento realizados em 2022, Espanha “continua no radar dos investidores por três motivos”.
Primeiro, porque o país conseguiu atrair fundos para uma oferta hoteleira mais diversificada: “Sempre se ouviu falar na compra e venda de hotéis em Barcelona, Sevilha, Málaga, Valência e agora começamos a ver operações interessantes em hotéis em praias”, explica. Depois, porque “há muito dinheiro disponível para investir”, seja proveniente “de fundos, banca, seguros ou empresas”, o que leva Bruno Hallé a considerar que, em existindo “oferta e dinheiro para investir, a [tendência de investimento hoteleiro] vai continuar”.
Por fim, o profissional aponta que as operações no Norte da Europa – ou seja, a compra e venda de hotéis – congelaram, por conta de fatores como a guerra na Ucrânia. Por essa razão, “o dinheiro que os investidores apostariam no Norte da Europa é investido em oportunidades como Espanha, Portugal e Grécia”, afirma.
Cushman & Wakefield acredita que o nível de procura em Espanha vai subir em 2023
Para prever o próximo ano em território espanhol, Bruno Hallé começa por rever os valores de ADR e ocupação de 2022 quando comparados com 2019.
Quando analisamos o ADR da praça hoteleira em Espanha, 2022 conseguiu estar acima dos resultados verificados em 2019, com todas as regiões a ultrapassarem os valores do ano que precedeu a pandemia. Neste caso, o ADR nas ilhas baleares esteve 29% acima dos valores de 2019, enquanto o de Valência foi superior em 25% e o de Zaragoza em 22%.
Já em termos de ocupação, os valores de 2022 apenas “roçaram” os de 2019. Neste campo, destaque novamente para Valência, que registou em 2022 uma ocupação de 96%, quando comparada com a de 2019, as Ilhas Baleares (94%) e a região de Málaga (94%).
Bruno Hallé aponta ainda que “o preço médio disparou em 2022, “também devido à inflação”. No entanto, “o hoteleiro soube subir esta onda, ao dar conta de que existia procura disposta a pagar. Aqui falamos do consumer revenge – dois anos sem consumir levaram a que os clientes aproveitem agora para viajar e consumir como não puderam fazê-lo na pandemia”.
Analisando os mercados por tipologia, o profissional dá conta de que “o mercado luxo cresceu claramente quando comparado a 2019”, neste caso mais 41%.
“Não sei se terá a ver com a tendência de consumer revenge ou se os ricos são mais ricos que antes”, refere, indicando que “o preço disparou mais em destinos onde o luxo é muito potente, como Marbella e Ibiza – as villas, por exemplo, viram o seu preço disparar para 50 a 60% mais caro que em 2019”.
Posto este cenário, Bruno Hallé acredita que “o nível de procura em 2023 pode subir” em Espanha, referindo que existem algumas “linhas de procura que ainda não chegaram” a este destino – como o mercado chinês, que em 2022 ainda estava confinado, mas que acreditam que regresse em 2023.
Neste contexto, quais são os desafios e oportunidades no setor?
Na sua apresentação Bruno Hallé aponta que este será um ano chave para maximizar os níveis de RevPAR no setor em Espanha. Num contexto como o de 2022, que fechou com níveis de procura muito próximos dos níveis pré-pandémicos, e com o ADR a disparar nos principais destinos, “2023 parece ser um ano-chave, com a possibilidade de maximizar o RevPAR após a recuperação plena do turismo internacional.
Este é também o “tempo para investidores corajosos”. De acordo com o profissional, “a pressão sobre os proprietários para melhorar a liquidez, combinada com a necessidade de investidores com capital que ainda não foi mobilizado, levará a uma retoma da atividade de investimento, muito provavelmente na segunda metade de 2023, quando as economias poderão começar a recuperar com a inflação sob controlo”.
“Para que o fosso entre as expectativas do comprador e do vendedor se feche, pelo menos uma das partes pode ter de se comprometer, e a atratividade do ativo definirá quem terá a vantagem”, afirma Bruno Hallé.
Numa outra oportunidade, o profissional aponta que “o interesse em viajar por parte da procura convida ao otimismo” – de acordo com o último inquérito da Skyscanner, apenas 6% dos consumidores planeia viajar menos do que em 2022. No mesmo inquérito é referido que no que diz respeito aos custos em viagem, 44% dos inquiridos em Espanha afirmam que pretendem gastar mais em viagens para o estrangeiro, enquanto 38% planeia gastar o mesmo.
Por fim, Bruno Hallé afirma que é necessário apostar num turismo humano e de maior qualidade. Neste ponto, o profissional deixa algumas chaves para melhorar o posicionamento turístico, neste caso da marca “Espanha”.
A primeira passa por voltar a ser um setor competitivo em termos de recursos humanos, a fim de regressar os níveis de serviço que caracterizam o turismo neste território. Depois, a aposta num posicionamento através do preço, e não no volume, que permita melhorar a experiência do cliente e a margem dos hoteleiros.
Num terceiro ponto, indica a necessidade de “continuar a renovar a oferta hoteleira do país no sentido de criar produtos mais diferenciados e sustentáveis”, seguido pela digitalização, que garante “permitir um turismo mais humano e próximo”.
Por fim, Bruno Hallé afirma que é necessário “conceptualizar os hotéis para que façam parte da vida local dos destinos e não fortalezas amuralhadas – desta forma, os hoteleiros podem maximizar os seus departamentos de F&B e experiências com a comunidade local”, termina.
O H&T, Salón de Innovación en Hostelería contabiliza este ano a sua 15ª edição e é considerado o maior de sempre, com três pavilhões numa área total de 25.000 metros quadrados e a representação de mais de 380 empresas do setor.
A Publituris Hotelaria marcou presença no H&T, Salón de Innovación en Hostelería a convite da Cámara de Comercio, Industria, Servicios y Navegación de Málaga.