Setor debate a criação de “Uma Agenda de Valor para o Turismo” na BTL
Para criar uma agenda de valor para o turismo é necessário pensar em pontos como a tecnologia e inovação, sustentabilidade e criatividade, mas também cultura.
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Para criar uma agenda de valor para o turismo é necessário pensar em pontos como a tecnologia e inovação, sustentabilidade e criatividade, mas também cultura.
A afirmação parte de profissionais do setor como Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Luigi Cabrini, presidente do Conselho de Administração da Global Sustainable Tourism Council (GSTC) e Guta Moura Guedes, presidente da ExperimentaDesign, que esta quarta-feira se juntaram numa mesa redonda na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) para debater a criação de uma agenda de valor para o turismo, com a moderação de Francisco Jaime Quesado, economista e gestor.
Para Luís Araújo, quando falamos em valor não nos referimos apenas ao que o setor pode entregar ao turista, “falamos em valor para as empresas, para os colaboradores”. Mais do que “tornar a experiência ainda melhor para quem nos visita”, a questão passa também por perceber “como é que acrescentamos valor para quem vive cá, que reconheça o turismo como uma força para o bem-estar, que cria trabalho e riqueza em todo o território nacional”.
“Esta é das indústrias, senão a indústria, que pode ser desenvolvida em qualquer ponto do território e por qualquer pessoa”, defende Luís Araújo.
Já Luigi Cabrini aponta que o setor “está habituado a medir o sucesso do turismo pelo número de turistas que visitam um local, o que não considera ser a melhor forma de medição: “O sucesso não são os números, mas o benefício do destino. São as receitas, o impacto social e económico”, afirma.
De acordo com o profissional, o setor deve focar-se em dois pontos. No primeiro, o de fundir os seus departamentos de marketing com os de sustentabilidade, algo que aponta já ser feito em alguns destinos. Desta forma, é criado “um conceito de turismo que olha para formas de aumentar o benefício do destino, e não necessariamente o número de turistas”.
Por último, Luigi Cabrini explica que “há uma forma de comunicar sustentabilidade” e afirmar que o hotel “não desperdiça água nem aquecimento” pode não abonar a favor da unidade – o cliente pode ser levado a pensar “que vai passar frio e escolher outro hotel”.
“A sustentabilidade tem de estar a par com a qualidade do turismo, porque uma experiência de sustentabilidade bem planeada vai dar acesso a uma experiência mais autêntica, a tradições locais, à possibilidade de interagir, comida autêntica, etc.”, explica.
Por outro lado, Luís Araújo acredita que para entregar esta proposta de valor no setor é necessário apostar em três categorias: tecnologia e inovação; sustentabilidade e criatividade.
Na opinião do presidente do Turismo de Portugal, a aposta em tecnologia “acrescenta valor para todos: as empresas são mais eficientes; os turistas têm mais informação e uma experiência mais fluída; e os colaboradores podem dedicar-se àquilo que são bons, lidar com pessoas, já que a tecnologia permite simplificar muitos dos procedimentos da área”. Destaca ainda que a sustentabilidade “não é uma tendência de mercado” e que se for encarada dessa forma “vai demorar muito mais tempo a fazer a transição que precisamos”.
“As pequenas empresas são muitas vezes as que têm uma importância maior no território e que desenvolvem muitas práticas sustentáveis que não têm esta capacidade de chegar aos grandes meios”, aponta Luís Araújo.
Por fim, e no âmbito da criatividade, Luís Araújo indica que o setor “perde por não apostar na criatividade que o país tem, fazendo a ligação do turismo com outros setores, sejam o da saúde, engenharia, arquitetura ou design”, por exemplo.
Cultura como fator de identidade e diferenciação dos locais
Para criar esta agenda de valor para o turismo, Guta Moura Guedes é da opinião de que “a cultura pode ser realmente importante neste setor – primeiro, do ponto de vista histórico, uma vez que está intimamente ligado com o consumo de bens culturais, de sítios que têm uma componente cultural muito expressiva”. Depois, porque “a cultura permite uma miscigenação entre as pessoas”, sendo que “o turismo pode contribuir para reforçar esse encontro de culturas e fazer de cada um desses sítios um símbolo desse encontro”.
Como defende, “no século XXI a cultura talvez seja o fator que mais consegue criar identidade e diferenciação em cada um dos locais que recebem turistas”. Aliás, a profissional aponta que “os públicos hoje querem interação, intergeracionalidade, ser surpreendidos com contrastes entre o passado, presente e futuro, querem que lhes contemos histórias e querem que os coloquemos em ligação com aquilo que estamos a apresentar”
Nesse sentido, a presidente da ExperimentaDesign aponta que a inserção de cultura no setor pode ser feita através da conjugação de eventos culturais com turismo, com a criação de roteiros na localidade onde decorrem esses eventos.
Destaca ainda a importância de conjugar o património cultural existente com atividades turísticas, dando como exemplo o roteiro das Aldeias Históricas de Portugal – que “conseguiu criar ao redor de 12 aldeias uma narrativa de stoytelling que une um pedaço do nosso país e, desta forma, constituir um produto que tem imenso poder atrativo do ponto de vista turístico e de valor acrescentado para a zona”.
No entanto, Guta Moura Guedes não esconde que “o grande perigo” de construir um novo produto turístico passa por “não se pensar no seu planeamento sustentável ao longo do tempo”.
“É muito delicado o tema da nossa articulação ideal com património existente de grande valor cultural. É muito interessante e atrativo, mas requer uma enorme maturidade da parte dos vários players que fazem parte deste trabalho”, termina.