Opinião: ChatGPT e o futuro de Revenue Management
Leia a opinião de José Pedro Almeida, fundador e CEO da XLR8.
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Para os menos atentos, o ChatGPT veio revolucionar a capacidade de interação entre humanos e máquinas. Com a capacidade de entender e gerar respostas em linguagem natural, o ChatGPT permite que os usuários tenham conversas mais naturais e fluidas com máquinas, o que pode ter uma ampla gama de aplicações em áreas como atendimento ao cliente, suporte técnico, educação, entretenimento e muito mais.
E desenganem-se aqueles que acham que esta disrupção tecnológica se manterá inalterada nos próximos tempos. Recentemente a Google anunciou o BARD e a Microsoft, no dia seguinte, lançou a sua versão do Bing, refletindo os investimentos astronómicos que continuam a ser feitos pelas grandes empresas tecnológicas, visando elevar a relação entre humanos e máquinas a um outro patamar.
A tecnologia assente em Inteligência Artificial está, por isso, a mudar os hábitos de todos nós e é expectável que, consequentemente, os padrões de comportamento dos turistas e a forma como exercemos as nossas profissões venham a sofrer alterações profundas em breve.
Exemplo desta mesma mudança é a área de revenue management. Perguntei ao ChatGPT o que irá mudar nos próximos cinco anos nesta função e a resposta é curiosa, focando 3 grandes pilares:
- Tecnologia: análise de dados e AI;
- Passará a ser cada vez mais uma área estratégica;
- Necessidade de adaptação a novas tecnologias.
É por isso o momento para refletirmos e procurarmos saber de que forma nos estamos a preparar para esta evolução acelerada. Até porque o exemplo acima vai para além de Revenue Management, sendo transversal a muitas outras áreas de gestão, mostrando que a tecnologia não vem apenas atuar na substituição de tarefas repetitivas como acontecia antes.
Há umas semanas tive uma conversa interessante sobre este mesmo tema com João Silva Santos, CEO da Merytu, onde debatemos que hoje, e no futuro, a tecnologia passa a ter uma preponderância maior – levantando várias questões sobre a importância do conhecimento técnico e das hard skills. Conhecimento avançado sobre uma matéria deixará de ser relevante se tivermos assistentes criados com base em AI que nos permitam obter esse “saber” em segundos. Ao invés, a capacidade de interpretação das máquinas e adaptação passarão a ter outro reconhecimento, com as empresas a valorizarem cada vez mais as soft skills nos seus processos de recrutamento.
E, ao contrário do que os mais conservadores possam pensar, não devemos temer que a Inteligência Artificial venha roubar os nossos empregos. No entanto, devemos sim temer os concorrentes que melhor conseguem tirar partido da Inteligência Artificial. Prova disso são os resultados do estudo ““Superior skin cancer classification by the combination of human and artificial intelligence”*, mostrando que os humanos sozinhos conseguem ter uma precisão de 42,94% na classificação de imagens suspeitas de cancro de pele, comparado com 81,59% por parte da Inteligência Artificial. No entanto, é a combinação de ambos que alcança os melhores resultados, com 82,95% para esta inteligência colaborativa.
É fácil perceber por que razão as máquinas produzem melhor em tarefas repetitivas, providenciando maior rapidez e precisão no processamento de dados. Por outro lado, os Humanos têm uma capacidade inigualável em ambientes complexos e de incerteza, com melhor resultado nos trabalhos que envolvem interação social, criatividade e necessidade de ação/deslocação física. Mas serão aqueles profissionais e empresas que melhor partido tirarem desta disrupção tecnológica, conseguindo adaptar-se e implementar uma verdadeira inteligência colaborativa entre Humanos e Máquinas, que alcançarão maior sucesso.
José Pedro Almeida
Fundador e CEO da XLR8