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Não deixa de ser irónica a crescente indignação relacionada com o eventual excesso de turistas em Portugal… ou, ainda mais incompreensível, a tese de que a economia portuguesa se encontra excessivamente dependente deste sector. Deixemos a resposta a esta última para outros fóruns, admitindo (de forma benévola) que não passará pela cabeça de muita gente reduzir a atividade turística ao ponto da sua contribuição para o PIB nacional encaixar num valor (teórico) adequado e admissível.
Em relação à primeira, ao excesso de turistas em Portugal, importa acrescentar ao debate algumas considerações:
- Existência natural de polos com maior pressão da procura: Admitamos que existem picos sazonais de procura em Lisboa, Porto e Algarve; e que, durante esses picos – algumas semanas nas cidades e dois meses no Algarve – a procura tem um impacto negativo na qualidade de vida da população e na capacidade de carga das várias infraestruturas regionais (naturais, culturais, de serviços públicos…). Importará aqui promover a dispersão geográfica da oferta e da procura através de planos integrados de promoção, pricing e mobilidade interna. É possível, até certo ponto, controlar os fluxos turísticos numa cidade como Lisboa no sentido da atenuação dos seus impactos negativos, que existem. Novos polos de atração de procura, como a zona de Belém ou o Parque das Nações, contribuem hoje para atenuar a pressão dos bairros históricos da cidade.
- Desenvolvimento – em mancha de óleo – de novos destinos: A este nível, um dos exemplos mais claros é o desenvolvimento do Douro ou do Minho enquanto destinos turísticos. A combinação da visita à cidade do Porto com a estada numa destas regiões contribui também para mitigar a pressão sobre a cidade. Permite também alargar a estada média do turista em Portugal, desenvolvendo regiões onde a procura é ainda relativamente reduzida face ao potencial existente.
- Portugal necessita de capital: A crónica escassez de capital nacional “obriga” a esforços acrescidos de atração de investimento estrangeiro. O turismo – e a vertente imobiliária a ele associado – é hoje um sector onde o investimento estrangeiro se tem destacado. Estaremos em condições de prescindir desta tipologia de investimento, com elevado efeito multiplicador na economia nacional?
- Portugal necessita de pessoas: Basta analisar a demografia portuguesa nas últimas décadas para perceber que existe um problema (muito) sério de envelhecimento da população. Não será o turismo um sector que atrai, para além de investidores, imigrantes para as diversas funções necessárias? Imigrantes esses que se estabelecem em Portugal evoluindo no próprio sector ou saindo para outros sectores de atividade?
Ou seja, antes de dar como adquirido que existe turismo a mais e que, por isso, é necessário que ele se reduza, importa estudar o impacto, direto e indireto, do setor na economia nacional, assim como as múltiplas externalidades associadas. Admitindo que existem momentos do ano onde a pressão possa ser já excessiva, esta pode ser atenuada com planeamento e iniciativas objetivas e implementáveis.
Eduardo Abreu
Sócio na Neoturis
*Publicado no formato imprenso da edição 206 da Publituris Hotelaria (junho de 2023)