Opinião | Storytelling: O elemento diferenciador na experiência gastronómica
A opinião de Ana Raquel Caldas, docente do ISAG – European Business School.
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A gastronomia é um dos aspetos mais valorizados pelos viajantes que se deslocam a Portugal, seja por motivos de lazer ou negócios. E de facto, o património gastronómico português é tão vasto e variado que impressiona qualquer forasteiro minimamente aberto a novas experiências. Da mesma forma, é impossível dissociar o conceito de gastronomia da riqueza dos vinhos nacionais.
Mas a riqueza da gastronomia e vinhos portugueses não se esgota na degustação.
Por detrás de cada especialidade regional há uma história que se funde com a cultura local, seja na sua criação, num ou outro ingrediente utilizado, ou mesmo numa técnica de confeção que remonta a outros tempos.
E penso este tem de ser o elemento que nos diferencia: a capacidade de criar conexão com o turista através da gastronomia.
Ao compreender a refeição, o turista sente-a de uma forma mais profunda. Entender as origens de uma iguaria é viver a cultura do destino. É o destino em si. Participar no seu processo de produção é uma experiência que marca.
Perceber os métodos tradicionais de produção dos géneros alimentícios que servem de base às iguarias ajuda a enquadrar a realidade socioeconómica da região. A recolha e a seleção dos ingredientes e a sua preparação são de igual forma fatores importantes para compreender as tradições locais. A confeção propriamente dita é a compilação de saberes que vão passando de geração em geração e que chegam aos nossos dias preservadas em memórias e rituais familiares e de comunidade. A utilização das iguarias em função das épocas do ano e associadas às festividades regionais espelha mais uma vez o conjunto dos fatores culturais intrínsecos da região. A participação do turista neste processo pode ser feita de forma real ou através de storytelling.
A partir do storytelling o hoteleiro tem a oportunidade de passar aos turistas não só as informações mais técnicas acerca de um determinado prato ou vinho, mas também questões mais profundas que podem passar pela contextualização sócio económica e cultural da região, mas também de aspetos mais transversais, como sejam a sustentabilidade associada aos produtos e formas de produção e comercialização.
De norte a sul de Portugal, sem esquecer as regiões autónomas dos Açores e Madeira, Portugal é um país rico de tradições e do que de melhor há para comer e beber.
O hoteleiro que tem a capacidade de transpor estes conhecimentos com o turista está a criar uma conexão que transforma uma refeição num momento marcante. Saber explicar os fatores atrás descritos e como esses conhecimentos chegaram até à atualidade ajuda a fortalecer a experiência do turista, principalmente os mais sedentos de conhecimento e previamente dispostos a usufruir de novas sensações.
Desta forma, a formação dos ativos nos setores de hotelaria e restauração, para além de competências técnicas, tem de dotar os estudantes das soft skills necessárias a estabelecer relações fortes que são vitais para humanizar os destinos e as experiências turísticas.
Ana Raquel Caldas
Docente do ISAG – European Business School
*Publicado no formato imprenso da edição 206 da Publituris Hotelaria (junho de 2023)